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ERA NECESSÁRIO PASSAR POR SAMARIA

Jo 4.4
Os judeus, extremamente sensíveis como eram, evitavam atravessar a província de Samaria, preferindo passar pela Peréia; mas muitos galileus, sendo eles de raça mista, não se prestavam a tais inconveniências. Não obstante, os sentimentos se esquentavam, e os assaltos, o assassínio e a violência eram comuns em Samaria, porquanto bandos de ladrões se aproveitavam dos judeus que subiam a Jerusalém para uma festa religiosa ou outra qualquer. O trecho de Lc 9.51-56 ilustra quanta falta de hospitalidade era conferida aos peregrinos religiosos como esses; e, nesse caso, ao próprio Jesus e aos discípulos. Essa passagem também se reveste de interesse pelo fato de frisar novamente a mensagem de redenção universal, anunciada pelo cristianismo, posto que Jesus resistiu aos seus discípulos, que desejaram fazer cair fogo do céu contra os samaritanos, já que tão odiosas ações seriam mais perversas e dignas de asco do que as ações daqueles que haviam rejeitado Jesus. As razões para esses sentimentos emergem da discussão abaixo, acerca de Samaria e dos samaritanos: Samaria e os Samaritanos – Aqui reunimos as notas sobre Samaria e os seus habitantes, parte das quais aparecem em outras porções deste comentário, posto ser esta a passagem central do N.T., acerca do ministério de Jesus em Samaria: Província de Samaria. O chamado reino do Norte compunha-se de dez tribos (após a divisão do Reino de Israel) e passou a ser conhecido como Samaria. A área incorporava a área central da Palestina. Em 63 A.C., essa região caiu sob o domínio dos romanos e Pompeu a incluiu na província da Síria. Heródes o Grande, e, subsequentemente, Arquelau, seu filho, governaram essa região. No ano 6 D.C., foi posta sob um procurador romano, sendo essa sua condição quando Jesus ministrou na região. Bom número de localidades antigas têm sido identificado pelos arqueólogos, tal como o muro erigido em volta da principal cidade da região (Sebaste, moderna Sebastiyeh). Herodes também construiu um grande templo ali, em honra ao imperador Augusto, o qual já foi escavado. Um espaçoso estádio também tem sido desenterrado ali. A cidade de Samaria (modernamente chamada Sebastiyeh), chega pela primeira vez ao nosso conhecimento ao ser edificada por Onri, para ser a capital do reino nortista de Israel (ver Rs 16.23, 24) e continuou ocupando essa posição até ter sido capturada por Salmaneser, em 721 A.C. Após a deportação das dez tribos, Esaradom (Ver Ed 4.2, 10), segundo era costumeiro entre os monarcas orientais, trouxe uma raça Babilônia, de Cutá, de Hamate e de Sefarvaim (ver II Rs 17.24), a fim de ocupar aquela região, que fora deixada quase inteiramente despovoada. E assim, os samaritanos descendiam dessa gente, embora com grande probabilidade, houvesse pesada mistura com sangue judaico. Essas circunstâncias têm dado origem a duas interpretações diversas quanto à raça daquele povo. A maioria dos estudiosos acredita que os samaritanos eram uma raça mista, gentios e judeus; mas há outros que consideram-nos de pura descendência gentílica, e que, posteriormente, aceitaram certas características religiosas dos judeus, tais como a circuncisão, a adoração a Jeová e as esperanças messiânicas. Como for, o fato é que eram uma raça mestiça, dotada de uma cultura e de uma religião híbridas. Suas ações indubitavelmente provocaram a indignação tanto dos judeus como dos gentios, porquanto, por essa altura, os samaritanos se tinham tornado radicais e violentos. Por essa razão, muitos povos gentílicos, e não somente os judeus, procuravam evitá-los, tendo desenvolvido fortes preconceitos contra eles. Pelas razões acima aduzidas, por diversas vezes nos evangelhos, os samaritanos são usados como exemplos de quão verdadeiramente a religião revelada pode transformar o coração de um pecador, fazendo dele uma nova criatura. Pois se tal modificação podia ocorrer com os samaritanos, então nenhum judeu ou gentio poderia desacreditar do que o Espírito Santo pode fazer no coração e na vida de um homem. Por exemplo, pode-se examinar a narrativa do bom samaritano, o verdadeiro próximo, que exemplificou o amor que se deve ter pelos nossos semelhantes. (ver o décimo capítulo do evangelho de Lucas). O trecho de Lc 17.11 também registra o fato de que foi um leproso samaritano, e não um judeu, que voltou para agradecer a Jesus Cristo por causa de sua cura miraculosa. Este próprio capítulo fornece-nos um outro exemplo de samaritanos realmente arrependidos e como a mensagem anunciada por Jesus era apta para atingir os seus corações. O oitavo capítulo do livro de Atos registra, igualmente, a conversão de elementos samaritanos, por meio do ministério da igreja cristã primitiva; e tomamos a posição de que o terreno para isso fora preparado pelo ministério anterior de Jesus naquelas regiões. É interessante observarmos que foi de Samaria que procedeu Simão Mago, um dos primeiros a trazer corrupção ao cristianismo, mediante a mescla com noções pagãs. Porém, também foi dali que saiu Justino Mártir, o feroz apologista da fé cristã. Após as deportações, a Samaria passou a ser ordinariamente considerada como uma região estrangeira, e os judeus da Judéia referiam-se aos seus habitantes pelo nome de cuteanos. Sob a influência de certo sacerdote de Israel, enviado pelo rei da Assíria, tornaram-se os samaritanos adoradores de Jeová (ver II Rs 17.41); e então, quando da volta de Judá e Benjamim de seu cativeiro, procuraram ser aceitos como correligionários do templo e, dessa forma, obtiveram iguais privilégios, como adoradores em seus átrios. Mas essa reivindicação lhes foi negada; e os samaritanos, em revide, guiados por Manassés (A.C 650), sacerdote que fora expulso de Jerusalém por horonita (ver Ne 13.28), obtiveram permissão, do rei persa, Dario Noto, de erigir um templo no monte Gerezim. Devemos notar que o historiador Josefo situa toda essa história em data muito posterior (ver antiq. XI.7), no tempo de Dario Noto e de Alexandre o Grande. Uma vez iniciada essa nova adoração, isso colocou os samaritanos, de saída, como uma seita rival e cismática, e a história posterior desse povo apresenta as características usuais de tais, antagonismos. Os samaritanos negavam toda e qualquer hospitalidade aos peregrinos judeus, a caminho de Jerusalém, ou então armavam-lhes ciladas e os maltratavam no curso de suas jornadas. Os samaritanos também praticaram diversos atos com a finalidade de provocarem os judeus de Jerusalém, tais como espalharem ossos de mortos no pavimento sagrado do templo e de outros lugares sagrados, que os judeus reputavam atos ultrajantes e sacrilégios. Essas diversas circunstâncias é que provocaram o ódio que surgiu entre os judeus e os samaritanos, e que todos conhecem tão bem hoje em dia, por causa das narrativas do N.T. Em 63 A.C., Pompeu separou Samaria e a anexou à nova província da Síria. Subsequentemente, a cidade se tornou lugar favorito de governantes como Herodes o Grande, que a rebatizou com o nome de Sebaste (que em grego significa Augusto, ou grande), em honra ao imperador Augusto. Os samaritanos também sofreram debaixo da opressão dos romanos e, em 66 D.C., a cidade de Sebaste foi incendiada até os alicerces. As divergências religiosas entre os judeus de Jerusalém e os samaritanos consistiam, essencialmente, do lugar apropriado para a adoração (ver outra notas sobre isso, no VS. 20 deste mesmo capítulo), o fato de que os samaritanos aceitavam apenas o Pentateuco como seu cânon das Escrituras, e esperavam o Messias (e, dessa maneira, embalavam um diferente conceito sobre as promessas messiânicas). O templo dos samaritanos, no monte Gerizim, era o fulcro principal do antagonismo religioso, mas a mistura racial dos samaritanos era grandemente depreciada pelos judeus de Jerusalém. 
 N.T. – R. N. CHAMPLIN 

 Pr. Jair Cardoso

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